Como não podia deixar de ser, sou pai e sou contra o aborto (como acredito que a maioria das pessoas o é), e acho que salvo raras excepções trata-se de algo execrável. Mas vou ter que votar SIM no próximo referendo...
Se um feto de 10 semanas pode ou não ser considerado uma vida é algo polémico, mas uma criança é certamente uma vida. Para mim custa-me muito mais ver uma criança morrer vitima de abusos e de maus tratos do que um feto de 10 meses num aborto. Não há maneira de obrigar uma mãe ou pai biológicos a desejarem e a amarem um bebé. Não basta garantir o direito a nascer para preservar uma vida... É preciso garantir que o bebé vai amado por quem o irá educar (nem sequer precisam de ser os pais biológicos).
Os acérrimos defensores da vida deviam ponderar esta questão também. Para mim, salvar uma vida para uma curta existência de sofrimento não tem mérito algum. Mesmo que a criança consiga sobreviver a uma infância terrível, que tipo de adulto será? Os bebés têm que ser protegidos para além do seu nascimento e enquanto isso não acontecer acho que o aborto é um mal menor...
Outro argumento que também acho que é muito fraco é o de se usar o aborto como método contraceptivo. Queiram ou não, é sempre algo extremamente traumático para o corpo humano e a natureza tratar-se-á de impor o limite ao número de abortos que uma mãe poderá efectuar mais ou menos impunemente (uma espécie de retorno Karmico, para quem o quiser ver desta forma)!
No entanto pesa na minha consciência um outro factor que contrapõe os anteriores. É o caso de a mãe não querer o filho e não querer submeter-se ao parto, mas o pai ou alguém querer e ter condições para criar e educar a mesma criança de forma saudável. Sendo que, sempre que refiro saudável, estou a falar de saúde física, psicológica e emocional...
No entanto, acho que em vez de se comparticiparem os abortos, deviam-se comparticipar os nascimentos e arranjar desde logo famílias adoptivas para as crianças cujos pais biológicos não as querem criar... Nunca ninguém deverá ser obrigado a criar uma criança que não queira ou não tenha condições para o fazer. (Uma criança nunca deverá ser um castigo por um deslize sexual... Os direitos dessa criança estão acima da irresponsabilidade dos progenitores!)
Ninguém disse que era uma decisão fácil! :-/
David.
1 comentário:
Devo dizer que formulaste mt bem o que eu penso!
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